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6/6/2023
Contra a guerra imperialista e sua barbárie genocida – Contra a bancarrota capitalista e seus ataques aos trabalhadores
La guerra en Ucrania
Trabalhadores do mundo uni-vos!
– Por governos operários e pelo socialismo
– Pela construção de partidos operários revolucionários e de uma Internacional socialista e revolucionária
Mais de um ano após o início da guerra na Ucrânia, a cada dia fica mais claro para as massas trabalhadoras do mundo que se trata de uma guerra interimperialista entre a OTAN e a Rússia. Que estamos diante de um massacre que tanto os explorados na Ucrânia quanto na Rússia estão pagando com suas vidas, sangue e sacrifícios e cujas consequências estão sendo sentidas pelos povos de todo o planeta.
Encabeçada pelo imperialismo ianque, a OTAN tenta apresentar-se como defensora de uma justa luta pela independência nacional e pela democracia contra a autocracia e as tiranias autoritárias. Os exploradores das massas do mundo, os massacradores dos povos (Afeganistão, Síria, Iraque, Líbia, etc.), os invasores opressores de nações, os partidários de ditaduras sangrentas e defensores reacionários do capital: são eles os defensores da democracia e de autodeterminação nacional?
Na guerra em curso, não há uma verdadeira causa nacional e muito menos uma defesa da democracia e dos direitos humanos. O povo ucraniano é usado como bucha de canhão pelo imperialismo mundial para atacar a Rússia. Trata-se de um plano elaborado há muitos anos em que a OTAN se expandiu na Europa de Leste para levar a cabo esta agressão e que responde a um objetivo estratégico de subjugar a Rússia, e por elevação a China, e avançar na colonização das antigas economias nacionalizadas.
Putin também não é um lutador contra o fascismo. Sua invasão da Ucrânia foi para expandir a influência e dominação da oligarquia burguesa criada com a restauração capitalista na ex-URSS. O Kremlin e o exército russo não constituem uma força libertadora nem encarnam a luta dos povos contra o imperialismo. A política externa da Rússia é a extensão de sua política interna que se caracteriza pela crescente desigualdade e aumento dos antagonismos sociais e pela consolidação de um estado policial e de um regime de opressão sobre as massas russas e sobre o grupo de nações que permanecem sob a órbita de Moscou.
Os trabalhadores do mundo não podem apoiar nem um lado, nem o outro. É necessário frear o curso da guerra que ameaça se alastrar e até apresenta o perigo de uma evolução para uma guerra atômica e mundial. Não estamos diante de uma simples réplica dos conflitos anteriores, mas sim de um confronto entre os principais atores da cena política internacional e que está ocorrendo no velho continente, ou seja, no próprio seio do sistema capitalista. Não estamos enfrentando uma guerra por procuração, mas um envolvimento direto da OTAN. Zelensky é simplesmente um braço da entente militar sob a batuta do imperialismo.
Apelamos aos trabalhadores e explorados da Ucrânia e da Rússia para que acabem com a guerra depondo os seus governos de ambos os lados e promovam a confraternização entre os povos, a todos os níveis e também entre as tropas das duas nações.
Em todo o mundo, a esquerda que se diz revolucionária deve erguer o slogan histórico de “Guerra contra a Guerra”. Nenhum apoio à ação imperialista. Levantar todos os boicotes e sanções econômicas que prejudiquem as condições de vida dos povos atacados e de toda a humanidade em favor dos lucros dos abutres capitalistas.
Mobilize-se contra sua própria classe dominante. Oponha-se ativamente ao envio de armas e soldados. Abaixo os orçamentos de guerra e o desenvolvimento da indústria armamentista e o rearmamento dos governos burgueses e imperialistas. Depois de mais de um ano, fica claro que o pacifismo tem limites intransponíveis. Não é uma saída delegar a solução do conflito a quem o incentiva e promove. Não se trata apenas de um beco sem saída, mas de uma política criminosa, numa altura em que vemos que as forças por detrás de ambos os lados estão determinadas a aprofundar a guerra, o que pressagia um agravamento e prolongamento das hostilidades e, por conseguinte, um novo banho de sangue. Alertamos também que a paz entre as forças responsáveis pela guerra será apenas um compromisso precário que se converterá no prelúdio de novos confrontos ainda mais acirrados. Os acordos de Minsk concluídos em 2014 e 2015, que foram impotentes para deter o atual surto, são instrutivos.
É necessário transformar a tendência para a guerra mundial em caminho para a rebelião e a revolução socialista. Para acabar com o pesadelo da guerra, é preciso acabar com os governos que a promovem.
A guerra é indissociável da crise capitalista mundial que está levando a novas quebras de bancos e à continuidade da crise desencadeada em 2008. Os bancos centrais de cada burguesia têm saído em socorro do capital em crise e ameaça de falência – injetando enormes somas de dinheiro – mas não conseguiram superar a anemia reinante na economia mundial. Quinze anos após a crise financeira de 2008, estamos diante de um cenário explosivo de recessão com inflação, onde paira o espectro da inadimplência não só dos bancos, mas também das empresas e dos próprios Estados. Ou seja, uma crise geral da economia mundial, que nos fala de uma crise fundamental, uma crise sistêmica. Isso vem acompanhado de um maior sofrimento social das massas trabalhadoras: com mais escassez e inflação, desenvolvimento do desemprego, trabalho informal e precário, crescimento da exploração do trabalhador (alargamento da jornada de trabalho, “flexibilização” trabalhista, etc.).
O capitalismo pretende sobreviver descarregando a crise de seu regime econômico e de dominação sobre as massas trabalhadoras, com maior exploração e destruindo as conquistas históricas, o que está provocando o desenvolvimento de uma crescente resistência e mobilização dos trabalhadores das metrópoles e das cidades do interior – países coloniais. Na França, por exemplo, greves e manifestações políticas em massa estão ocorrendo contra as tentativas do governo Macron de aumentar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos. Em todo o mundo, estamos enfrentando tentativas capitalistas de mudar os sistemas de aposentadoria, transformando as pensões, de um salário diferido, em subsídios à pobreza. Os trabalhadores da França retomaram os métodos de ação direta da luta de classes, das greves e das manifestações de massas. Para ter sucesso, eles deveriam caminhar para uma greve geral, que levantaria abertamente a queda do governo Macron e a luta por um governo dos trabalhadores. Por esta razão, a burocracia sindical das centrais francesas bloqueia e resiste a desenvolver plenamente a energia revolucionária de luta da classe trabalhadora e dos explorados franceses, buscando um caminho de conciliação de classes, um acordo em termos de procedimentos parlamentares e sobrevivência do estado burguês.
A mobilização operária e popular não é um fenômeno estritamente francês: ela se desdobra nas poderosas ondas grevistas na Grã-Bretanha e na Alemanha, no despertar sindical dentro dos próprios Estados Unidos, no desenvolvimento de rebeliões populares na América Latina, Ásia e África.
Para isso, é essencial a criação de partidos operários independentes da burguesia, socialistas e revolucionários, cuja direção estratégica seja a luta para acabar com os estados burgueses exploradores e belicistas e impor governos operários em cada país. Isso só pode ser alcançado através dos métodos de ação direta e revolucionária. Trata-se de constituir partidos de combate baseados no centralismo democrático, partidários do desenvolvimento da luta de classes até a derrota e destituição da classe dos exploradores capitalistas. É preciso fugir do caráter puramente declamatório das organizações que acreditam estar iluminando a revolução apenas com previsões e análises, da mesma forma que é preciso evitar a dissolução de propostas de classe em formações identitárias ou indefinidas.
A catástrofe capitalista deve ser enfrentada por uma ferrenha militância socialista e revolucionária. Isso é incompatível com os chamados “partidos amplos”, assim como com o movimento, em que as fronteiras de classe são difusas e em que prevalece uma política de colaboração de classes e tendências democratizantes e parlamentaristas. O papel da esquerda se reduz a atuar como um grupo de pressão, adaptado à ordem social vigente, confinado a participar de processos eleitorais e a tentar progredir nos regimes parlamentaristas e na democracia burguesa.
Sob a bandeira da “democracia”, o imperialismo desenvolve sua intervenção reacionária, exploradora e belicista. Estamos falando de uma forma de Estado capitalista explorador – de democracia burguesa – que tenta esconder seu caráter de órgão de dominação dos exploradores atrás de fraseologias vazias, enquanto executa os planos de dominação do grande capital.
Propomos superar as propostas conciliatórias das correntes oportunistas, nacionalistas burguesas e de frentes populistas que buscam políticas de conciliação de classes com suas classes dominantes. Essas frentes populares acabam limitando a ação independente das massas e estrangulando suas lutas. O enfrentamento e a derrota da direita e do fascismo que vêm crescendo no último período – sinal da decomposição da democracia burguesa – não vai andar de mãos dadas com o apoio e a aliança com a burguesia nacionalista e com os que se dizem democráticos. Sua impotência e seu alinhamento com as políticas de ajuste dos fundos monetários contra os trabalhadores e povos é o que tem permitido esse desenvolvimento e facilitado seu acesso ao governo. O freio e a derrota da direita e do fascismo virão de mãos dadas com uma mobilização operária que pretende arrastar atrás de si todos os setores explorados.
Declaramos a necessidade de promover políticas de frente única para desenvolver a luta contra o capital. Avanços na mobilização internacionalista das massas são essenciais para abrir um novo rumo para os trabalhadores. Os trabalhadores belgas da Total, o monopólio francês do petróleo, recusaram-se a permitir a exportação de gasolina de suas refinarias na Bélgica para a França, impedindo a carnificina contra as greves dos petroleiros franceses. Eles retomam as melhores tradições revolucionárias internacionalistas, aquelas que foram instituídas com a formação da Primeira Internacional, há quase 160 anos -em 1864 – contra a eventual substituição por trabalhadores continentais nas greves do proletariado britânico. Mais do que nunca é necessário promover qualquer iniciativa de organização e mobilização internacional das massas contra a guerra imperialista e os estragos que a crise capitalista desencadeia contra os trabalhadores e povos explorados do mundo. Somos a favor da reconstituição de uma Internacional socialista revolucionária, que à luz da experiência histórica só pode ser a continuação da Quarta Internacional refundada.
Nós, abaixo assinados – Partido Socialista dos Trabalhadores (SEP da Turquia) e Partido Obrero (PO da Argentina), conclamamos os partidos de esquerda e militantes socialistas e revolucionários de todo o mundo a discutir este apelo.
– PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES (SEP, Türkiye)
– PARTIDO OBRERO (PO, Argentina)
https://prensaobrera.com/internacionales/contra-la-guerra-imperialista-y-su-barbarie-genocida