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28/7/2021

Os limites do dia nacional de lutas no dia 24 de julho

Traducido por Tribuna Classista de Brasil.

No sábado, 24/07, houve um novo dia de mobilização nacional em todo o Brasil sob o lema central do Fora Bolsonaro! É o quarto em menos de dois meses. Embora, em muitos setores dos manifestantes tenha despertado grande entusiasmo, estaria mostrando os limites desse tipo de “passeatas” (marchas). Em algumas cidades, diz-se que o número de manifestantes cresceu (Rio de Janeiro!) Mas, no geral, seu desenvolvimento adicional desacelerou.

A Central Única de Trabalhadores (CUT), liderada por Lula e pelo PT, informou que cerca de 600 mil manifestantes foram mobilizados em todo o país. Mas a mesma CUT estima que em 29/05, 420 mil foram às ruas; em 19/6 eram 700 mil e em 13/7 chegava a 800 mil . Da mesma forma, a direção burocrática da CUT considera um sucesso, porque a “capilaridade” cresceu: se espalhou para mais cidades.

A direção burocrática da CUT e a frente que ela formou com outras burocracias, esforçaram-se para dar um caráter concreto ao slogan do Fora Bolsonaro: apoio aos projetos de “impeachment” (julgamento político) apresentados no parlamento.

Houve, portanto, duas tendências principais que se manifestaram na mobilização do 24/7. Por um lado, diferentes correntes da esquerda e de setores ativistas que entendem que o Fora Bolsonaro levanta a conseqüente luta (um plano contínuo e crescente de luta por uma greve geral) pelas reivindicações das massas e a derrubada de Bolsonaro, vice-Hamilton Mourão e o regime corrupto e anti-trabalhador. Uma tendência, no entanto, desarticulada em várias direções e organizações.

O outro – constituído pelas burocracias sindicais e pelos partidos patronais – considera que é necessário “exercer pressão” sobre a maioria parlamentar de direita, para iniciar o impeachment de Bolsonaro. E caso não avance, essas marchas vão ajudar a desgastar o governo com vistas a “jogá-lo prá fora” com os votos das eleições de outubro de 2022. Essa outra tendência luta abertamente pela formação de uma “Frente Ampla” sem limites à direita para incorporar novos partidos burgueses com vistas a uma frente eleitoral até 2022.

A “estratégia” de pressionar e enfrentar o direito de impeachment recebeu, dois dias antes do dia nacional de 24/7, uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STF), negando essa perspectiva. E o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, também anunciou o bloqueio dessa possibilidade por “falta de provas” (existe uma Comissão Parlamentar de Inquérito, CPI, que teria que estudar os autos de quase 2.000 denúncias, após as eleições, a partir de 2022).

Corrupção e ataque às massas

Bolsonaro e os militares que o apóiam (são 6 mil em vários cargos dentro da administração; um número ainda maior do que na época da ditadura) permaneceram no governo porque recebe apoio político da maioria do parlamento, dividido em torno ao “Centrao”, frente de deputados de diferentes partidos que se dizem “centro” mas que “negociam” e apoiam a rendição e a política anti-operária. Graças a esta aliança entre o Bolsonaro, os militares e o Centrão, foram aprovadas todas as leis de privatização das empresas estatais e ataques aos trabalhadores (reforma trabalhista e previdenciária anti-trabalhador, etc.). Setores da burguesia o apóiam enquanto Bolsonaro puder continuar com seu programa de “reformas estruturais” contra o povo.

Diante de denúncias de corrupção contra ministros e militares que atingem diretamente o próprio Bolsonaro, o regime foi forçado a fazer o General Eduardo Pazuello renunciar à pasta da Saúde, acusado com abundantes evidências, de negociar subornos fabulosos com fornecedores de vacinas contra o Covid. E, para estreitar o relacionamento com o Centrão, destituiu o general Luiz Eduardo Ramos, encarregado da coordenação entre o Poder Executivo e o Parlamento, que funcionava a partir da chamada Casa Civil do governo. Foi substituído no cargo pelo deputado Ciro Nogueira, principal referência do Centrão. A relação do governo com o Congresso será “coordenada” com o Centrão, colocando para este fim uma das principais lideranças desse espaço político.

No Dia Nacional de Luta, junto com cartazes com o Fora Bolsonaro, levantaram-se a denúncia do regime de saúde genocida que levou a mais de meio milhão de vítimas de Covid; a rejeição de privatizações (Correios, Eletrobrás, setores da Petrobrás, etc.); e, entre tantas outras, a devolução do subsídio que Bolsonaro revogou no final do ano passado de 600 reais aos milhões que não têm renda. A crise de saúde e social é impressionante. E Bolsonaro ameaça aprofundá-la. Agora ele quer implementar a emenda constitucional (PEC 32/20) que tira a estabilidade do servidor público. Não só para “baixar custos para o Estado”, mas fundamentalmente para incentivar a privatização das empresas estatais, reduzindo os custos das demissões em massa.

A CUT, Lula e o PT deixaram passar todos esses ataques às massas trabalhadoras com silenciosos “protestos”, sem uma real mobilização dos trabalhadores e explorados nucleados em suas centrais, sindicatos e organizações de massas. O princípio elementar do sindicalismo de classe é a defesa dos direitos do trabalhador. Para isso apela à organização e à luta: ao desemprego, a uma greve geral quando deve enfrentar o Estado que constitui o eixo da ofensiva capitalista contra as massas. Mas Lula nem participou do dia de sábado, 24, nem dos outros três que o precederam. O jornalista da página 12 em Brasília (25/07) caracterizou corretamente essas ausências de Lula: não são “por razões de segurança, mas por questões políticas. Ele prefere um perfil discreto, por enquanto ”.

Faça do Fora Bolsonaro uma realidade

Para tornar o Fora Bolsonaro uma realidade, é preciso colocar a classe trabalhadora e os explorados na luta. Em primeiro lugar, enfrentando a defesa de suas conquistas e condições de vida contra a ofensiva dos capitalistas e do regime de Bolsonaro. Para isso, é necessário que as centrais operárias, sindicatos e organizações de massas (estudantes, etc.) rompam com sua subordinação à pseudo-oposição política burguesa e recuperem suas organizações de luta independente dos trabalhadores. É preciso exigir que os congressos, plenárias e assembléias sejam convocados para mudar sua orientação, votem uma lista de reivindicações e um conseqüente plano nacional de luta e continuem até a greve geral.

Partidos de esquerda e setores militantes militantes terão que unir forças, talvez organizando uma plenária nacional, para constituir um pólo de classe por trás desse objetivo.

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